sábado, 20 de agosto de 2016

Lição

A maioria de nós, leitores deste blog, somos mortais corredores de provas de 5 e 10Km. Assim, é impossível não falar antes que a Olimpíada acabe de Mo Farah.




Ele foi bicampeão olímpico no Rio2016 na prova dos 10.000m com 27:05:17. Neste tempo estou consigo alcançar no máximo a metade da prova. Não cabe dizer aqui a sua performance e estimar fatores de correções para que eu fique estimulado a correr. Não é o PACE, recorde, medalhas, mas aqui é preciso ressaltar a perseverança deste campeão

Ele caiu durante a prova em que ele treinou no mínimo por 4 anos e com a queda poderia perder a oportunidade de entrar para história de um bicampeonato. 



Entretanto, ele fez da queda um impulso, levantou e voltou a correr aceitando as desculpas do atleta que involuntariamente o derrubou. Voltou à prova e venceu! Detalhe o recorde olímpico é 27:01:17.




Agora questiono:

1) Ele bateria o recorde olímpico?
2) Ele poderia ter reclamado?
3)  Ele teria argumentos para continuar caído declarando-se vítima?


Obrigado pela superação. 

domingo, 14 de agosto de 2016

Como alcançar longas distâncias?

Primeiramente, é preciso definir o termo "longas distâncias". Entendo que "longas distâncias" é todo percurso que você considera um desafio que gerará um esforço e preparo para alcançá-lo.

Por exemplo, atualmente, longa distância significa 21K.

A prática de correr longas distâncias nos ajuda a controlar a ansiedade para alcançarmos nossos objetivos.

Imaginem como seria difícil iniciar uma Maratona com a ânsia de alcançar a linha de chegada?

Agora para os iniciantes, como eu:

Imaginem após cerca de onze quilômetros correndo uma São Silvestre iniciar a subida da Brigadeiro almejando chegar na Paulista?

Quantas são as situações nas nossas vidas que imitam a mesma questão?

O preparo para um concurso, os longos anos de uma pós graduação, os meses de uma gestação...

Enfim, desafios longos são rotinas. É preciso enfrenta-los com inteligência.

É indiscutível ter um bom preparo e vontade, mas é fundamental fracionar desafios longos e complexos.

Não é possível concluir uma tese, ou alcançar uma distância longa se não há planejamento.

Portanto, planeje seu percurso fracionando metas. Em relação à uma longa subida, não fique mirando o fim longe e “inatingível”, mire o próximo quarteirão, mire o próximo farol algo que alcançará de forma mais curta que o fará vibrar com a “micro” conquista e isto o impulsionará ao próximo quarteirão. Através de metas reais e fracionadas conseguimos atingir grandes desafios.

Por exemplo, você que está iniciando a prática no esporte.

Compreendo que uma das primeiras conquistas é a prova de cinco quilômetros. Muitos iniciantes, que são sedentários, provavelmente acharão um desafio épico! De fato, é e merece ser respeitado.


Assim, crie um programa de treinando e se imagine em quanto tempo (factível a sua realidade) estará alcançado o primeiro quilômetro e assim por diante, qual música seria interessante estar ouvindo no meio da prova, em qual quilômetro pretende beber água...

domingo, 7 de agosto de 2016

Aprender a dourar o bronze sem falsificá-lo


Nada contra Pelé, nosso maior jogador de futebol. Não irei julgá-lo pela recusa à honra de acender a pira Olímpica no Rio de Janeiro, talvez tenha sido por motivos de saúde ou dificuldade física, uma vez que havia uma série de degraus para alcançar à pira, ou por motivos financeiros. Enfim... 
Pergunto à vocês: 

O que traria de novo para famílias nos rincões do mundo o para famílias brasileiras ao ver a óbvia imagem do Pelé como o último condutor da tocha olímpica?  

Provavelmente nada, pois é inegável que Pelé é o brasileiro mais conhecido no planeta.

Entretanto, imaginem a surpresa dessas famílias que pouco conhecem sobre a nossa história esportiva ver a homenagem feita ao maratonista Vanderlei Cordeiro de Lima. A surpreendente escolha ensina ao mundo e a nós brasileiros que não é preciso ser campeão ou o melhor numa prova para entrar na história.

Nós que vibramos ao chegar pela primeira vez aos: cinco quilômetros, consideramos heróis ao alcançar a marca dos dez quilômetros, corredores nobres ao alcançar a desafiante prova da São Silvestre, a seguir meia maratona e uma maratona (eu ainda não alcancei este último desafio),  entendam a grandeza de liderar e ter chances reais de ser medalista de ouro na maratona da Olimpíadas de Atenas em 2004, pois bem, Vanderlei se esforçou muito para liderar esta prova histórica, mas foi covardemente interrompido no trigésimo quinto quilômetro.

Lutou com a ajuda do grego Kossivas e escapou para continuar sua trajetória sendo ultrapassado por dois competidores faltando dois quilômetros do final da prova.


Nunca saberemos se de fato este fator foi decisivo para o italiano Stefano Baldini vencer a prova, mas o fato de se recuperar, continuar correndo e principalmente vibrar ao entrar no estádio antigo olímpico de Atenas o fez um herói. 

Não chegou cabisbaixo, não chegou com desculpas, não chegou reivindicando justiça, não chegou desmerecendo os medalistas de ouro ou prata. Tornou sua medalha de bronze dourada sem falsificá-la.

O jogador de vôlei de praia, Emanuel, chegou a oferecer a medalha de ouro conquistada nos jogos, mas foi esta a resposta do maratonista

"Eu não poderia ficar com a medalha do Emanuel. Como todos estão dizendo, o meu bronze é de ouro", disse.

Vanderlei Cordeiro de Lima recebeu a medalha Pierre de Coubertin. Único brasileiro que recebeu tamanha honraria.


Este mérito foi certificado e honrado com o acendimento da pira.

Quem não conhecia o conheceu. 

Pelé, obrigado por ter negado de forma voluntária ou involuntária


Espero que nós brasileiros possamos aprender com a atitude do nosso herói. Não precisamos ser os melhores, mas não podemos arranjar desculpas frente ao nosso desempenho e principalmente comemorar vitórias as quais fizemos o máximo possível.




Setlist

Ouvir música durante o treino pode nos ajudar, mas como todo remédio pode ter seus efeitos colaterais.

Correr ouvindo música diminui a percepção do esforço, melhora o humor e aumenta a empolgação.

Sei que é extremamente particular o gosto musical e expor seu setlist possa ser um violação gravíssima da nossa intimidade, mas quem nunca se empolgou correndo ao ouvir estas músicas?


  1. Beautiful day - U2
  2. Gonna Fly Now (música tema do filme Rocky Balboa)
  3. Open your eyes - Snow Patrol
  4. The final countdown - Europe
  5. Vertigo - U2
  6. Viva La Vida - Coldplay
  7. Born to Run - Bruce Springsteen
  8. Whole Lotta Rosie - AC/DC

Entretanto, atenção aos efeitos colaterais, pois pode nos expor a riscos (diminuição da segurança), diminuição a percepção do cansaço, da respiração, pode causar dependência: correr apenas ouvindo música.


domingo, 31 de julho de 2016

Como sair do sedentarismo? Existe uma meta objetiva para isto?

Sim, existe! Podemos sair do sedentarismo se atingirmos a meta de 10.000 passos por dia.

Andar é muito fácil.
Andar é barato.

Embora muitos utilizem tempo de exercício por semana, a utilização de pedômetro cria uma meta objetiva, basta termos apenas um pedômetro e utilizarmos no dia a dia. Seja ele um aplicativo no celular, ou um aparelho.

Em 2007 foi publicada uma revisão sistemática (compilação de vários estudos), a qual foi comprovado que o uso do pedômetro provocou:

  1. Aumento da atividade física em cerca de 26,9% em relação à quantidade de passos basal
  2. Diminuição do Índice de Massa Corpórea
  3. Diminuição da Pressão Arterial Sistólica
JAMA 2007; 298(19):2296-2304



Parece ser assustador para um sedentário caminhar 10.000 passos por dia. De fato, não é algo tão difícil assim, caso você não tenha necessidades especiais.

O fato de medir nosso esforço físico e ter uma meta, naturalmente nos incentiva a promover exercícios antes desperdiçados como: descer um ponto de ônibus antes do destino, ir ao próximo ponto de ônibus, estacionar seu carro dois quarteirões distantes do seu emprego, subir ou descer dois a três andares. Alcançar 10.000 passos por dia significa para um indivíduo de estatura mediana andar cerca de 7,5Km por dia. Em média andamos cerca de 5.000 passos dia, se aumentarmos nossos esforços durante o trabalho aumentaremos cerca de mais 2 a 3.000 passos, restando apenas cerca de mais 30 minutos de caminhada ao chegar em casa.

Portanto, aumentando um pouco o esforço no dia a dia do trabalho e locomoção e mais aproximadamente 30 minutos de caminhada é fácil atingir este objetivo.

Recomendação:

  1. Seja avaliado por seu médico e veja se concorde com esta atividade, antes de iniciá-la.
  2. Inicie com metas reais e de curto prazo, por exemplo: aumentar 1.000 passos por dia a cada semana até atingir 10.000 passos por dia.
  3. Se houver dor no exercício, pare e procure seu médico.
  4. Comemore suas conquistas.  
  5. Com o passar do tempo a atividade física se tornará repetida e você não precisará mais utilizar o pedômetro, pois já saberá as distâncias e a quantidade de passos que faz na sua rotina. Entretanto, se a rotina lhe incomoda, continue utilizando o pedômetro e mude as rotas e circuitos de caminhada.
  6. Crie recompensas: por exemplo a cada 100,000 passos deposite R$ 100,00 em seus investimentos financeiros.
  7. Imagine circuitos famosos virtuais e prazos para conquistá-los, como:
    1. São Silvestre:  15Km
    2. Maratona: 42 Km
    3. São Paulo - Campinas: 105Km
    4. São Paulo - Rio de Janeiro: 441Km
    5. Caminho português a Santiago de Compostela: cerca de 700Km








segunda-feira, 25 de julho de 2016

Valorize suas conquistas - Escreva a sua maior conquista

São Silvestre - 31/12/2015

Era trinta e um de dezembro de 2014, fazia quarenta dias que havia optado por mudar meu estilo de vida. Com oito quilos a menos, às sete e quinze da manhã, eu embarcava na estação Vila Prudente do metrô rumo ao Instituto do Câncer do Estado de São Paulo, hospital onde trabalho e faria o meu plantão. A cada estação que o trem parava entravam corredores uniformizados para São Silvestre. 

Havia senhores idosos, jovens e até adolescente. Suas expressões mostravam ansiedade de participar de uma das mais festivas provas de rua da América Latina. Embora, meu objetivo naquele trem era o trabalho, fiquei contaminado pela aquela motivação.


Do alto do décimo nono andar pude ver o mar colorido dos corredores vindo da Paulista e colorindo a avenida Dr. Arnaldo e a Major Natanael. Tirei algumas fotos e prometi que em um ano eu estaria lá embaixo sendo mais um pontinho colorido preenchendo as ruas de São Paulo.

Foram trezentos e sessenta e cinco dias pensando nesta prova. Comecei a correr na esteira preenchendo 1Km, depois de trinta dias chegava nos 5Kms e após cinco meses atingia nos meus treinos o degrau dos 10Kms. Com vinte quilos a menos em novembro atingi a meta dos 15kms e assim estaria um mês antes da prova pronto para corrê-la. Neste período contaminei amigos, familiares e fui responsável em “reinfectar” meu amigo e compadre, que antes fora um corredor amador e com meu estímulo pude reascender os pares de tênis, que estavam hibernando nas gavetas do seu armário.

O objetivo na minha primeira prova de São Silvestre, prova mais longa que faria até então, era não andar! Trotar era permitido, mas andar jamais!

Assim após um ano, lá estava eu. Um pontinho laranja na Paulista, um pixel na multidão. Aos vinte sete graus de temperatura, liguei meu setlist, a prova começava. Embora os roqueiros, companheiros de muitos treinos e provas durante o anos, que gritavam pelo meu fone de ouvido quisessem me chamar a atenção, durante a Paulista, resolvi ignorá-los. Queria ouvir o grito das pessoas nas ruas, os fogos, o barulho do helicóptero e até as vuvuzelas.  Ao descer a Paulista na conexão com a avenida Dr. Arnaldo, pude notar as pessoas nos assistindo acima pelo vão. Arrepiou.

Não tenho dúvidas que foi a prova mais difícil que havia feito, pois havia dois grandes obstáculos. Primeiro a temperatura, correr entre as nove e onze da manhã próximo aos trinta graus, qualquer avenida plana transformou-se numa leve subida, segundo a Brigadeiro, com este calor, tornou-se um parede, quase um escalada no final da prova, mas sempre vinha a mensagem. Andar? Jamais!

O lema na subida era: fracione as metas, não veja o fim da brigadeiro, alcance a próxima esquina e depois a outra, depois o viaduto da treze de maio e assim por diante.

Enfim, novamente, os fogos... virava à direita. Estava no topo, na Paulista.

Confesso que o sal dos suor misturou ao das lágrimas.

Foram cento e dezoito minutos. Tempo de uma tartaruga com artrose nas patas, mas um tempo olímpico para um ex-sedentário.