segunda-feira, 25 de julho de 2016

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São Silvestre - 31/12/2015

Era trinta e um de dezembro de 2014, fazia quarenta dias que havia optado por mudar meu estilo de vida. Com oito quilos a menos, às sete e quinze da manhã, eu embarcava na estação Vila Prudente do metrô rumo ao Instituto do Câncer do Estado de São Paulo, hospital onde trabalho e faria o meu plantão. A cada estação que o trem parava entravam corredores uniformizados para São Silvestre. 

Havia senhores idosos, jovens e até adolescente. Suas expressões mostravam ansiedade de participar de uma das mais festivas provas de rua da América Latina. Embora, meu objetivo naquele trem era o trabalho, fiquei contaminado pela aquela motivação.


Do alto do décimo nono andar pude ver o mar colorido dos corredores vindo da Paulista e colorindo a avenida Dr. Arnaldo e a Major Natanael. Tirei algumas fotos e prometi que em um ano eu estaria lá embaixo sendo mais um pontinho colorido preenchendo as ruas de São Paulo.

Foram trezentos e sessenta e cinco dias pensando nesta prova. Comecei a correr na esteira preenchendo 1Km, depois de trinta dias chegava nos 5Kms e após cinco meses atingia nos meus treinos o degrau dos 10Kms. Com vinte quilos a menos em novembro atingi a meta dos 15kms e assim estaria um mês antes da prova pronto para corrê-la. Neste período contaminei amigos, familiares e fui responsável em “reinfectar” meu amigo e compadre, que antes fora um corredor amador e com meu estímulo pude reascender os pares de tênis, que estavam hibernando nas gavetas do seu armário.

O objetivo na minha primeira prova de São Silvestre, prova mais longa que faria até então, era não andar! Trotar era permitido, mas andar jamais!

Assim após um ano, lá estava eu. Um pontinho laranja na Paulista, um pixel na multidão. Aos vinte sete graus de temperatura, liguei meu setlist, a prova começava. Embora os roqueiros, companheiros de muitos treinos e provas durante o anos, que gritavam pelo meu fone de ouvido quisessem me chamar a atenção, durante a Paulista, resolvi ignorá-los. Queria ouvir o grito das pessoas nas ruas, os fogos, o barulho do helicóptero e até as vuvuzelas.  Ao descer a Paulista na conexão com a avenida Dr. Arnaldo, pude notar as pessoas nos assistindo acima pelo vão. Arrepiou.

Não tenho dúvidas que foi a prova mais difícil que havia feito, pois havia dois grandes obstáculos. Primeiro a temperatura, correr entre as nove e onze da manhã próximo aos trinta graus, qualquer avenida plana transformou-se numa leve subida, segundo a Brigadeiro, com este calor, tornou-se um parede, quase um escalada no final da prova, mas sempre vinha a mensagem. Andar? Jamais!

O lema na subida era: fracione as metas, não veja o fim da brigadeiro, alcance a próxima esquina e depois a outra, depois o viaduto da treze de maio e assim por diante.

Enfim, novamente, os fogos... virava à direita. Estava no topo, na Paulista.

Confesso que o sal dos suor misturou ao das lágrimas.

Foram cento e dezoito minutos. Tempo de uma tartaruga com artrose nas patas, mas um tempo olímpico para um ex-sedentário.


Um comentário:

  1. Realmente vc me reinfectou com o vírus da corrida, agora na estamos nos 21k, dq 1 mês faremos nossa primeira meia maratona Internacional.
    E que assim possamos continuar, próxima meta será uma maratona.
    Obrigado pela insistência "is we"

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