domingo, 7 de agosto de 2016

Aprender a dourar o bronze sem falsificá-lo


Nada contra Pelé, nosso maior jogador de futebol. Não irei julgá-lo pela recusa à honra de acender a pira Olímpica no Rio de Janeiro, talvez tenha sido por motivos de saúde ou dificuldade física, uma vez que havia uma série de degraus para alcançar à pira, ou por motivos financeiros. Enfim... 
Pergunto à vocês: 

O que traria de novo para famílias nos rincões do mundo o para famílias brasileiras ao ver a óbvia imagem do Pelé como o último condutor da tocha olímpica?  

Provavelmente nada, pois é inegável que Pelé é o brasileiro mais conhecido no planeta.

Entretanto, imaginem a surpresa dessas famílias que pouco conhecem sobre a nossa história esportiva ver a homenagem feita ao maratonista Vanderlei Cordeiro de Lima. A surpreendente escolha ensina ao mundo e a nós brasileiros que não é preciso ser campeão ou o melhor numa prova para entrar na história.

Nós que vibramos ao chegar pela primeira vez aos: cinco quilômetros, consideramos heróis ao alcançar a marca dos dez quilômetros, corredores nobres ao alcançar a desafiante prova da São Silvestre, a seguir meia maratona e uma maratona (eu ainda não alcancei este último desafio),  entendam a grandeza de liderar e ter chances reais de ser medalista de ouro na maratona da Olimpíadas de Atenas em 2004, pois bem, Vanderlei se esforçou muito para liderar esta prova histórica, mas foi covardemente interrompido no trigésimo quinto quilômetro.

Lutou com a ajuda do grego Kossivas e escapou para continuar sua trajetória sendo ultrapassado por dois competidores faltando dois quilômetros do final da prova.


Nunca saberemos se de fato este fator foi decisivo para o italiano Stefano Baldini vencer a prova, mas o fato de se recuperar, continuar correndo e principalmente vibrar ao entrar no estádio antigo olímpico de Atenas o fez um herói. 

Não chegou cabisbaixo, não chegou com desculpas, não chegou reivindicando justiça, não chegou desmerecendo os medalistas de ouro ou prata. Tornou sua medalha de bronze dourada sem falsificá-la.

O jogador de vôlei de praia, Emanuel, chegou a oferecer a medalha de ouro conquistada nos jogos, mas foi esta a resposta do maratonista

"Eu não poderia ficar com a medalha do Emanuel. Como todos estão dizendo, o meu bronze é de ouro", disse.

Vanderlei Cordeiro de Lima recebeu a medalha Pierre de Coubertin. Único brasileiro que recebeu tamanha honraria.


Este mérito foi certificado e honrado com o acendimento da pira.

Quem não conhecia o conheceu. 

Pelé, obrigado por ter negado de forma voluntária ou involuntária


Espero que nós brasileiros possamos aprender com a atitude do nosso herói. Não precisamos ser os melhores, mas não podemos arranjar desculpas frente ao nosso desempenho e principalmente comemorar vitórias as quais fizemos o máximo possível.




2 comentários:

  1. Eu adorei ver o Vanderlei acender a tocha. Mais que merecido! Um homem honesto e humilde que nos traz orgulho. Obrigada Pelé!!

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